O que se passa no cérebro quando estamos sob anestesia?

Publicado por: Editor Feed News
30/09/2023 18:46:16
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Cortesia Editorial Pixabay
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Parece apenas algo que nos deixa a dormir, mas na verdade a anestesia pode vir a ajudar-nos a identificar problemas cerebrais.

 

Sob o seu efeito, o nosso cérebro é uma “televisão” que continua ligada, mas sem programas no ar.

A anestesia é um dos avanços na medicina mais subestimados. É um fato que transformou completamente uma experiência traumática, dolorosa e horrenda num evento praticamente inconsciente e indolor para os pacientes.

 

Eram tempos difíceis, aqueles sem a “ausência de consciência reversível”, como lhe chamou Oliver Wendell Holmes em 1846. As exigências da medicina eram macabras, tão macabras que nem Charles Darwin aguentou e desistiu da faculdade de medicina.

 

Mas a anestesia é mais do que mera inconsciência; é uma intervenção sofisticada que interfere na comunicação neural em todo o cérebro, lembra a  Discover Magazine.

 

Sob anestesia, os pacientes entram no que é essencialmente um coma induzido por medicamentos, que permite dizer “adeus” à dor e consciência do paciente e abre porta a procedimentos cirúrgicos mais complexos.

 

Na verdade, a anestesia altera dramaticamente o “ruído” neural, verificou uma pesquisa que remete a 2021 em que compara o estado do cérebro sob anestesia a uma televisão antiga (tubo catódico)  exibindo ondas estáticas rolantes — o que indica um declínio na transferência significativa de informações entre neurónios.

 

“Pode haver um total de sinais maior no caso das ondas estáticas, mas a transferência de informação é muito menor“, explica Miles Berger, neurocientista na Universidade de Duke. Os neurónios continuam ativos, mas a informação perde-se e é substituída por estas ondas “vazias”, sem conteúdo.

 

O estado induzido funciona como um “teste de stress” para o cérebro, mais ou menos como os que os cardiologistas usam em testes de stress físicos para avaliar a saúde cardíaca, revelou o estudo.

 

Recorrendo a eletroencefalografia (EEG), a equipe descobriu que padrões específicos podem potencialmente identificar pacientes com maior risco de delírio pós-cirúrgico, particularmente entre os adultos mais velhos, o que aponta para o potencial da anestesia como ferramenta de diagnóstico e rastreamento do declínio cognitivo.

 

Mais especificamente, tal aplicação da anestesia poderia tornar-se uma parte crítica das triagens pré-cirúrgicas, moldando a atuação tanto na prática cirúrgica como na neurociência.

 

“Se pudermos monitorizar o cérebro em tempo real e ver como está a reagir ao stress da cirurgia e aos medicamentos anestésicos poderíamos prever quem poderá potencialmente ter um problema cerebral no futuro”, diz Berger.

 

Isto não diagnosticaria demência ou mesmo declínio cognitivo precoce, mas poderia um dia ser uma ferramenta de rastreio útil. “A nossa esperança é que possamos identificar pessoas que estão em risco de declínio cognitivo ao olhar apenas para a forma como os seus cérebros reagem à anestesia. Depois esses pacientes podem ser encaminhados para mais exames”, conclui.

 

Com informações do Planeta ZAP //

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