IA e emoções humanas: o limite entre a ajuda terapêutica e o risco psicológico

Publicado por: Feed News
14/10/2025 07:54:21
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Pesquisas apontam que a inteligência artificial pode ajudar no diagnóstico e tratamento de transtornos mentais — mas também levanta temores e confusões sobre seus reais efeitos na mente humana.
Pesquisas apontam que a inteligência artificial pode ajudar no diagnóstico e tratamento de transtornos mentais — mas também levanta temores e confusões sobre seus reais efeitos na mente humana.

Estudos indicam que chatbots podem apoiar pacientes, desde que usados com supervisão clínica.

 

O avanço da Inteligência Artificial (IA) na área da saúde mental tem despertado tanto entusiasmo quanto apreensão. Ferramentas de linguagem natural, como chatbots terapêuticos, estão sendo testadas em clínicas, universidades e plataformas digitais para apoiar diagnósticos, ampliar o acesso a tratamentos e reduzir a sobrecarga dos sistemas de saúde. Mas junto com a inovação, surgem também os exageros — e, em alguns casos, o pânico moral.

 

Nos últimos meses, expressões como “psicose de IA” ou “vício em chatbots” começaram a aparecer nas redes e até em reportagens internacionais. O problema é que, até o momento, não existe evidência científica sólida de que a interação com sistemas de IA possa, por si só, causar transtornos mentais. Segundo o National Institute of Mental Health (NIMH) e a American Psychiatric Association (APA), o que se observa são casos isolados de indivíduos com condições pré-existentes que podem ter sido agravadas pelo uso intenso de tecnologia — o mesmo fenômeno já visto com redes sociais, jogos online ou fóruns digitais.

 

O que a ciência confirma

Pesquisas recentes da Universidade de Stanford, da King’s College London e da Harvard Medical School apontam que o uso supervisionado de IA pode ter papel positivo. Chatbots baseados em linguagem natural já mostraram eficácia no monitoramento de sintomas de depressão e ansiedade, oferecendo respostas empáticas e acompanhando o humor do paciente entre consultas.

 

A IA também tem sido usada com sucesso em análises de voz, expressões faciais e padrões de digitação para detectar sinais precoces de transtornos mentais, algo que antes dependia exclusivamente da observação clínica humana.

 

Os limites da tecnologia

Entretanto, a própria comunidade científica adverte que a IA não sente, não compreende nem se responsabiliza. Ela apenas replica padrões de linguagem aprendidos em grandes volumes de dados. Por isso, chatbots terapêuticos não substituem o contato humano, e jamais devem ser usados como único recurso em situações de crise emocional ou ideação suicida.

 

Outro mito recorrente é o de que a IA “pode enlouquecer as pessoas”. Na realidade, os riscos estão mais ligados à dependência psicológica — o apego à conversa digital em substituição a vínculos reais — do que a qualquer ação “mental” exercida pela máquina.

 

O que vem pela frente

A tendência é que a IA continue evoluindo como ferramenta complementar aos profissionais de saúde. Seu papel será identificar sinais sutis, sugerir intervenções e ampliar o alcance do cuidado. Mas caberá sempre ao humano — o médico, o psicólogo, o paciente — a responsabilidade final sobre diagnósticos, decisões e tratamentos.

 

Como resume a psiquiatra Nina Vasan, da Universidade de Stanford:

“A IA pode ser um espelho que reflete nossos pensamentos, mas jamais será o cérebro que os cria.”

 

Convite para o próximo artigo:

No próximo especial da TVBr.Stream e da TVSaúde.Org:
“Chatbots Terapêuticos: até onde podem ir sem substituir o psicólogo?”
Um mergulho ético e técnico no futuro da psicoterapia mediada por IA.

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