Os resultados revelaram reduções significativas na massa cinzenta após 10 dias a consumir cafeína, o que não aconteceu após 10 dias a tomar o placebo.
Por outro lado, o estudo não encontrou nenhuma diferença na atividade do sono de ondas lentas entre os períodos de toma de cafeína ou de placebo. Isso sugere que as reduções de massa cinzenta detetadas não estão relacionadas com interrupções do sono, mas talvez com uma característica única da cafeína.
O efeito da cafeína no cérebro foi considerado particularmente relevante no lobo temporal medial direito, onde se situa o hipocampo, que é responsável por processos como a formação da memória e a cognição espacial.
Carolin Reichert, autora do estudo, realça que as mudanças na massa cinzenta induzidas pela cafeína acabam por se recuperar muito rapidamente depois do consumo de cafeína ser interrompido.
“As mudanças na morfologia do cérebro parecem ser temporárias, mas ainda faltam comparações sistemáticas entre os consumidores de café e aqueles que geralmente consomem pouca ou nenhuma cafeína”, explica Reichert.
A especialista refere ainda que o estudo não indica que o consumo de cafeína prejudique o funcionamento cognitivo, uma vez que existem evidências que apontam o contrário e mostram que a cafeína é neuro-protetora, retardando o declínio cognitivo em indivíduos mais velhos com alto risco de doenças como Alzheimer e Parkinson.
“Os nossos resultados não significam necessariamente que o consumo de cafeína tenha um impacto negativo no cérebro”, enfatiza Reichert, acrescentando que, apesar disso, “o consumo diário de cafeína afeta o nosso hardware cognitivo, o que por si só deverá dar origem a mais estudos”.
O estudo foi publicado no jornal Cerebral Cortex a 15 de fevereiro.
Originalmente Publicdo por: Ana Isabel Moura, Planeta ZAP //
Comentários