Entre o Apocalipse e a crise climática: o secamento do Rio Eufrates levanta preocupações ambientais, religiosas e geopolíticas
No coração do Oriente Médio, um dos maiores rios da história humana está desaparecendo — e, para muitos, esse fato vai além da geopolítica e da ciência: seria o cumprimento de uma profecia de acordo com a IFLScience?
O Rio Eufrates, citado no livro bíblico do Apocalipse como um dos sinais do fim dos tempos, está secando em ritmo acelerado. Cientistas apontam causas claras: uma combinação devastadora de mudanças climáticas, gestão hídrica ineficaz e tensão política entre países que compartilham suas águas — Turquia, Síria e Iraque.
Segundo relatório do Ministério de Recursos Hídricos do Iraque, se nada for feito, o Eufrates e seu irmão Tigre podem secar completamente até 2040. Entre 2003 e 2013, a região perdeu 144 bilhões de metros cúbicos de água — uma das maiores quedas de volume hídrico já registradas no mundo moderno.
A situação afeta diretamente cerca de 60 milhões de pessoas e intensifica o risco de guerras por água. Além disso, a crise sanitária avança: surtos de cólera, varicela, sarampo e febre tifóide vêm crescendo no Iraque, segundo o British Medical Journal, por causa do acesso precário à água potável.
Mas é no campo espiritual que o fenômeno também repercute de forma intensa. O capítulo 16 do Apocalipse menciona o secamento do Eufrates como um dos sinais do juízo final:
“O sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates, e a sua água secou-se, para que se preparasse o caminho dos reis do oriente.”
Esse trecho é interpretado por fiéis como prenúncio da batalha do Armagedom — quando forças do mal se unirão para enfrentar a segunda vinda de Cristo. É o clímax das sete taças da ira divina, uma imagem forte que transcende a religião e adquire peso simbólico global.
Independentemente da fé, os fatos são alarmantes. O Eufrates está secando. E com ele, desaparecem não só milênios de história e fertilidade, mas também a estabilidade ambiental e política da região. O apocalipse pode não estar chegando com cavaleiros míticos — mas talvez, com caminhões-pipa, desertificação e fome.