Médicos às Cegas, Pacientes Sem Diagnóstico: A Falência do Sistema

Sem exames e sem estrutura, especialistas revelam a tragédia nos bastidores da oncologia.

Esta é uma denúncia direta ao silêncio cúmplice das autoridades.

TV Saúde — Editorial Especial

É preciso ter coragem para dizer: a Lei está morta. E com ela, milhares de pacientes oncológicos em todo o Brasil. A tão divulgada Lei dos 60 dias, que garante o início do tratamento após o diagnóstico do câncer, e a Lei dos 30 dias, que assegura o diagnóstico rápido, são hoje letras mortas na Constituição da dor.

Na semana passada, uma grande emissora de TV nacional dedicou seu horário nobre para exibir o que a população já vive e sente todos os dias: um sistema oncológico quebrado, lento, desigual e cruel.
E o que se viu na tela da TV foi apenas uma amostra. Porque a realidade é ainda mais brutal.

Na mesma semana, um médico hematologista da cidade de Araraquara (SP) nos relatou, com indignação, que está trabalhando quase às cegas.

“Os laboratórios que prestam serviço ao SUS para análise de biópsias e exames imuno-histoquímicos não entregam os resultados no prazo. E sem esses laudos, não há diagnóstico possível.”

Sem diagnóstico, não há protocolo de tratamento. E sem protocolo, há espera, agravamento e, em muitos casos, morte.

O médico ainda declarou:

“É como tentar operar no escuro. Nós temos a suspeita, mas não temos a confirmação. E isso é um risco para todos: para o paciente e para o médico que quer agir.”

Isso é abandono. Isso é negligência estatal. Isso é a prova de que o sistema já colapsou.

E mais: não há fiscalização, não há responsabilização, não há punição.
Os órgãos de controle se omitem. A Defensoria Pública é insuficiente. O Ministério da Saúde silencia. E o Congresso continua em promessas.

Este editorial não pede doações. Não busca curtidas.
Ele denuncia. Ele exige que a lei seja cumprida.

Porque direito que não vira cuidado é violência institucionalizada.
Porque não se trata mais de falta de verba — é falta de vergonha.

“Nós não exploramos a dor. Nós expomos a verdade.”

E ela dói.

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