O comércio eletrônico pode salvar os serviços postais?

Publicado por: Editor Feed News
08/12/2014 19:29:21
Exibições: 1,415
Cortesiia Corbis
Cortesiia Corbis

Por John W. Spelich*

Muito se comenta sobre o fato de que o serviço tradicional de correio pode estar sendo seriamente ameaçado pela internet. Isso porque a disseminação do e-mail, da propaganda, dos pagamentos online e de outras ferramentas de comunicação digital vem causando uma forte redução na receita dos serviços postais, já que em muitas partes do mundo as pessoas pararam de escrever cartas, folhear catálogos e ler mala direta postal.



No entanto, ao invés de acabar de vez com os serviços postais, a internet pode estar criando uma nova oportunidade para esse setor. O aumento do comércio eletrônico e das compras online (especialmente entre países) tem potencial para gerar um volume considerável de pequenos pacotes que os serviços postais podem absorver, processar e entregar a custos baixos. Porém é preciso que esses serviços se adaptem às demandas desse mercado que vem crescendo rapidamente. Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), as vendas no varejo online internacional atingiram US$100 bilhões em 2013. Esse crescimento deve continuar, estimulado pelo aumento na base de consumidores de países em desenvolvimento.



O volume de transações da AliExpress – varejista multilíngue pertencente ao Grupo Alibaba – vem crescendo rapidamente, estimulado pelas vendas de comerciantes chineses para consumidores localizados principalmente na Rússia e no Brasil. Entretanto, tudo indica que estamos prestes a presenciar uma nova escalada do comércio eletrônico internacional. Numa tentativa de transformar a China – que atualmente tem foco em exportação – em uma economia de consumo, o governo local está implantando políticas que buscam aumentar a disponibilidade de produtos globais para consumidores chineses.



De fato, esta tendência não foi confirmada somente entre os países do BRICS. Mesmo em economias menos desenvolvidas, o comércio eletrônico já dispensa a necessidade de uma infraestrutura física para vendas no varejo. “Devido à falta de opções de compra convencionais, o comércio eletrônico se tornará a principal forma de compra no varejo na África”, como afirmou Sim Shagaya, CEO da Konga Online Shopping Limited, popular mercado eletrônico nigeriano.



Atualmente, os serviços postais já estão se beneficiando desse cenário. Os serviços de entrega de pacotes e de logística contribuíram com 17% da receita global dos serviços postais em 2012 comparado a apenas 9% em 2002. Estimasse que grande parte desse crescimento aconteceu devido ao crescimento do e-commerce.



Quando o assunto é distribuição de pequenos pacotes, os serviços postais tradicionais, com seus exércitos de entregadores e anos de experiência operacional em vários países, possuem uma vantagem competitiva clara em relação às entregadoras particulares. As entregadoras públicas também são parceiras no processo de entrega de mercadorias para micro, pequenas e médias empresas, que costumam utilizar os serviços de baixo custo de entrega postal.



No entanto, a fim de capitalizar em cima de suas vantagens, os serviços postais terão que se adaptar e cooperar de forma sem precedentes em sua história. O rápido crescimento no número de pequenos pacotes dentro do comércio internacional já está começando a testar a capacidade de algumas rotas de entrega.



Para eliminar gargalos e outras barreiras logísticas significativas, o comércio eletrônico global terá que investir em TI e infraestrutura física; melhorar as parcerias e a coordenação dos serviços postais, transportadoras e outras partes interessadas no mundo todo; além de padronizar processos alfandegários de pagamento e entrega.



As agências alfandegárias, por sua vez, precisam se reequipar para se conectarem digitalmente com os serviços postais, de forma a acelerar a passagem dos pacotes pelos seus sistemas. A entrega registrada de pacotes internacionais deveria ser mais barata e modernizada por meio de uma integração global de TI que permita um rastreamento online completo dos pacotes. Além disso, o crescimento do comércio eletrônico também tem sido afetado pela ausência de uma solução universal de devoluções internacionais.



É como afirmou Anne Miroux, Diretora da Divisão de Tecnologia e Logística da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento: “Comércio eletrônico é o negócio do futuro, e você está ‘dentro’ ou ‘fora’ dele. ”



Está na hora de todo mundo entrar.


*John W. Spelich é Vice-Presidente de Desenvolvimento de Negócios de Comércio Eletrônico Internacional do Grupo Alibaba.



John W. Spelich é Vice-Presidente de Desenvolvimento de Negócios de Comércio Eletrônico Internacional do Grupo Alibaba, uma das maiores empresas de e-commerce do mundo. Spelich é responsável pelas relações regulatórias e governamentais das subsidiárias do grupo Taobao Marketplace, Tmall.com e AliExpress; e pela comunicação e marketing internacional de produto dos principais negócios de comércio eletrônico e pagamento do Grupo.



Antes de ocupar a função atual, Spelich atuou como Vice-Presidente de Assuntos Corporativos Internacionais, coordenando a comunicação e os assuntos corporativos do Grupo Alibaba fora da China Continental. Antes de juntar-se ao Alibaba em novembro de 2008, Spelich, um veterano com 30 anos de experiência na área de comunicações, ocupou posições seniores em grandes corporações, tais como Ford Motor Company; Gateway; e The Walt Disney Company. Iniciou sua carreira como jornalista, escrevendo para publicações como Fort Worth Star-Telegram e Detroit Free Press.



Spelich é formado em Comunicações pela University of Michigan e possui Doutorado (Summa Cum Laude) pelo Detroit College of Law na Michigan State University. Ele é membro da Ordem dos Advogados de Michigan e da Arthur W. Page Society.

Imagens de notícias

Tags:

Compartilhar