2 de Fevereiro: um dia para recordar e pensar

Publicado por: Editor Feed News
01/11/2014 10:17:16
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Cortesia Corbis
Cortesia Corbis

*Lidice Meyer Pinto Ribeiro



O mistério que cerca a morte é o mais antigo e o mais profundo que o ser humano já enfrentou. Desde os primórdios, a morte foi a força motriz na crença em um mundo sobrenatural. Como explicar um corpo sem vida, onde antes havia força e agilidade. Para onde foi “aquilo” que movia este corpo? Aceitar a morte nunca foi natural para o ser humano.



Desta estranheza surgem figuras metafóricas como “sono eterno”, “dormir”, “descanso”, “passagem”, dentre outras. Não existe uma cultura que não tenha desenvolvido ritos e crenças sobre como lidar com a morte. Em muitas surge o culto aos mortos ou aos antepassados, que apesar de estarem no mundo sobrenatural, continuam a atuar no mundo dos vivos. Criam-se rituais protetivos tanto do morto quanto dos vivos.



Com o cristianismo, este mundo do sobrenatural habitado pelas almas dos mortos recebe um nome: Purgatório. Torna-se imprescindível a execução dos rituais para encaminhar a alma do morto para o Paraíso. A falta dos rituais ou sua execução não adequada poderia trazer de volta o falecido, a cobrar por estas faltas. Mesmo nos dias de hoje, permanece a necessidade de rituais de despedida. A ausência destes rituais faz com que a situação pareça não de todo resolvida. Os católicos, por exemplo, celebram as missas de sétimo dia, embora toda missa possa ter um espaço reservado para as rezas pelos falecidos.



Convencionou-se o dia 2 de novembro para ser um dia voltado as rezas pelos mortos. Nesse dia milhares de pessoas em todo o mundo vão aos cemitérios trazendo velas para iluminar o caminho dos mortos ao Paraíso e flores para homenageá-los. Apesar das outras religiões não conservarem esta data em seu calendário litúrgico, a prática está tão arraigada na nossa cultura que é possível encontrar fiéis evangélicos ou espíritas entre os que visitam os túmulos neste dia. Uma prova de que a religião não consegue alterar totalmente a cultura de um indivíduo, ou, de que o amor é mais forte do que a morte.



*Lidice Meyer Pinto Ribeiro é Doutora em Antropologia Social e Docente do Programa de Pós Graduação em Ciências da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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