Dependência da internet é vista como doença do século por especialistas

Publicado por: Editor Feed News
30/01/2014 15:51:15
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SÃO PAULO - Jovem, de 26 anos, faz tratamento no Centro Terapêutico Araçoiaba, em Araçoiaba da Serra (SP), após sofrer graves consequências do uso descontrolado da tecnologia.


Problemas familiares, depressão e baixa autoestima fizeram Lucélia Cristina Paes, de 26 anos, tornar-se uma dependente da internet. Isto mesmo: o mundo virtual a fez perder 30 kg, em apenas um ano, além de perder o emprego, o casamento e, ainda, deixar de cuidar dos filhos e da própria vida. Este tipo de dependência recente, até então, sem local específico para tratamento, agora recebe atenção especial em clínicas de tratamento das diversas dependências, sejam elas físicas, comportamentais ou emocionais. Especialistas apontam a dependência da internet, como é o caso de Lucélia, como a “doença do século”.

A psicóloga especializada em comportamento Ana Leda Bella, do Centro Terapêutico Araçoiaba, em Araçoiaba da Serra (SP), explica que o uso excessivo da internet faz a pessoa perder a percepção do mundo real e viver as mesmas fantasias que constrói no espaço virtual, algo que pode ser comparado ao uso de drogas. “Tudo é droga, quando se trata de dependência. Por problemas familiares, a Lucélia acabou direcionando a frustração que sentia para a internet, mas poderia ter sido para as drogas. Foi a fuga que ela encontrou dos problemas do mundo real”, explica.

Ana Leda comenta que os sinais da dependência, apresentados pela jovem que, hoje, está em tratamento na clínica, são semelhantes aos de um usuário de drogas. “Ansiedade, irritação, depressão, calafrio e tremedeira. Os mesmos sentimentos de um dependente químico, quando sem a droga”, fala.
Os problemas de Lucélia tiveram início quando, ao ver o computador quebrado, resolveu comprar um telefone celular que a permitisse ter conexão à internet, de qualquer lugar onde estivesse. A partir daí, seu tempo conectada à rede aumentou progressivamente e ela não se dava conta do que estava fazendo. “Eu não dormia, não tomava banho e ficava sem comer. Tudo para continuar conectada.”

Lucélia, que pesava 80 kg, emagreceu 30, após a dependência pela web. Os filhos, uma menina de 6 anos e um menino de 2, viram a mãe se afastando do convívio familiar para se dedicar às fantasias virtuais. “Minha filha ficava pedindo para eu desligar o celular, mas eu nem ligava”, relata. Atualmente, Lucélia completa quatro semanas internada no Centro Terapêutico Araçoiaba e está confiante no sucesso do tratamento. Ela diz que toda a lição que está aprendendo servirá também para seus filhos e sua família. “A internet é necessária, mas é preciso ter cuidado, pois vicia, sim!” Pelos próximos três meses, a jovem participará das atividades terapêuticas na clínica. “Ficar sem meus filhos é muito ruim, mas eu preciso deste tratamento. Quero sair daqui com foco, por mim e por eles.”

Os riscos da dependência da internet

Com base no caso de Lucélia, a psicóloga Ana Leda enfatiza que é preciso ficar atento ao uso excessivo da internet, seja para a interação nas redes sociais, como em sites de compra e outros. “O isolamento da pessoa, o estilo de vida que ela leva, o ambiente familiar e a falta de diálogo dentro do lar levam muitas pessoas a buscar fugas, e uma delas pode ser a internet. Isto acarreta na dependência e se torna um problema muito grave.”

A especialista aponta que a tecnologia vem se tornando o principal atrativo para as crianças, que, com a permissão dos pais, passam horas na frente do videogame ou do computador, sendo, muitas vezes, presenteadas com telefones celulares e tablets. “Um dado alarmante é que muitos filhos, hoje, estão sendo criados mais com convívio da internet do que dos pais. Se os responsáveis não souberem introduzir esta tecnologia no dia a dia das crianças, elas terão problemas com dependência no futuro.”
Uma dica da psicóloga é o estímulo dos pais às brincadeiras externas. “As crianças precisam jogar bola, praticar esportes e brincar com os colegas. Organizar o horário do filho para cada atividade é primordial”, conclui.

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