Videos são a nova comunicação de massa global

Publicado por: Editor Feed News
20/10/2015 21:47:42
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Não é novidade que conteúdo em vídeo vem crescendo a cada dia que passa, mas a verdade é que poucas pessoas estão percebendo o poder que esse formato tem em suas vidas. A cada dia novas soluções surgem e mudam a forma de como nos comunicamos, consumimos e nos relacionamos.



Pensando nisso e em buscas de respostas, estive com o Gian Martinez, que foi diretor de inovação e criatividade da Coca-Cola e hoje cuida da Winnin, uma plataforma interativa para curadoria dos melhores vídeos da web por meio de batalhas virtuais. Do nosso papo, rendeu a entrevista que você lê abaixo.



Na sua opinião, desde as experiências artísticas com vídeo em flash, passando pelo nascimento do Youtube, até os dias de hoje em temos apps como o Snapchat, o que mudou? Por que cada vez mais as pessoas consomem conteúdo em vídeo?


Sem dúvida a grande mudança que vimos nessa última década foi a democratização absoluta da produção e distribuição do conteúdo em vídeo. O desejo de "contar histórias" é inerente a nossa condição humana e o formato audiovisual é o que proporciona a experiência mais completa nesse sentido. Nossa sociedade nutriu durante muito tempo uma demanda reprimida por poder se comunicar por vídeo que vem sido atendida por essas novas novas tecnologias e ferramentas que estão, literalmente, à palma da mão.



Pra você quais são as plataformas que estão mudando o consumo de vídeo no mundo? Pode justificar em uma frase o porquê dessas opções?


O mais intrigante e maravilhoso da revolução do vídeo é perceber que muitas plataformas estão mudando o consumo de vídeo de formas muito diferentes e todas relevantes. Mas se tiver que destacar um movimento mais protagonista é o movimento do vídeo "móvel". O consumo de vídeo por celular já ultrapassou a barreira dos 50%. Dentro desse movimento específico vale, claro, destacar o Snapchat especificamente com o "feature stories". Do ponto de vista da produção foi também a entrega da mobilidade que fez a GoPro virar o que virou. Mas a próxima grande onda realmente virá das experiências de conteúdo imersivas com tecnologias como a do Gear VR feita em parceira entre a Oculus e a Samsung.



Quando falamos de conteúdo audiovisual no terceiro mundo, onde a internet é precária, o que você identifica como oportunidades e dificuldades?


A grande dificuldade é a quantidade de dados que os vídeos consomem. A estimativa é que o vídeo corresponde a mais de 70% do tráfego total de dados na internet nos próximos 2 anos. Apesar da popularização do WiFi nos lugares onde a renda é mais baixa isso inevitavelmente limita o seu consumo. Mas é uma questão de tempo para esse desafio ser superado.



Com a ascensão dos vídeos sob demanda, como você vê os veículos de massa em uma década? 

Essas plataformas digitais são sem dúvida os novos veículos da grande massa global. Mas isso não significa que não haverá espaço para os demais veículos. Pelo contrário. Veremos gigantescas indústrias de conteúdo nascendo de nichos específicos como Games e Beleza. Vencerão aqueles que dominarem a disputa por relevância em cada um desses espaços que representam milhões de consumidores e espectadores apaixonados. Essas empresas investirão mais e mais em conteúdos exclusivos como transmissões ao vivo de eventos (esportivos, musicais, etc.) ou séries originais (Netflix, HBO, etc.) com o objetivo de garantir produtos premium e reter a atenção da audiência. Esses serão os produtos que irão possibilitar alta margem de lucro junto ao mercado publicitário. 



O Winnin tem uma experiência "gameficada" para distribuição de conteúdo em vídeo. Por que você decidiu seguir com esse formato mais interativo? 


Porque tornar qualquer coisa em algo mais divertido sempre tem muito valor. Essa nova geração de apaixonados por conteúdo tem uma lente "gameficada" para encarar o mundo cresceram nesse ambiente e estão mais dispostos a gastar o seu tempo com aquilo que consideram de fato divertido.



O Winnin ajuda muita gente a "requentar" conteúdo que já estava sem uso em seus canais. Como isso vira modelo de negócio e como produtores de conteúdo podem pensar novas formas de manterem vivos conteúdos que não tem mais a tração social que tinham quando foram lançados?


A indústria de entretenimento sempre funcionou dentro de um modelo de negócios onde o Long Tail (cauda longa) tem papel fundamental de receita. A tecnologia do Winnin permite aos criadores de conteúdo potencializar o Long Tail dos seus vídeos em forma de "Batalhas de Vídeos". Além de poder vender o patrocínio das suas batalhas para marcas eles recebem milhões de novos views para esses vídeos que estavam estacionados nos seus canais sociais. E isso também é dinheiro.



Onde fica o ao vivo no meio disso tudo? Para quem tem acompanhado o mundial de surf pela aplicativo da WSL, parece que o ao vivo não tem limites e estamos só começando a entender como a tecnologia pode criar e ampliar a visibilidade de mercados que antes eram nichados por não caberem nos formatos de comerciais de televisão.


O conteúdo ao vivo passa pelo mesmo processo de democratização de produção e distribuição que citamos no começo da conversa. Aplicativos como o Periscope, Merkat ou o YouNow permitem que qualquer pessoa faça uma cobertura audiovisual feita em tempo real a partir do seu celular. Lembrando que esse não é um movimento novo, pois o Twitch já fazia isso há muito tempo e com muito sucesso dentro do gigantesco nicho dos gamers. Realmente estamos num contexto em que os limites do que é possível vão se apagando. E isso é maravilhoso.



Você acha importante o conteúdo audiovisual também ser interativo? Ou acredita que séries, novelas e filmes ainda têm seu lugar?
Nem todo conteúdo audiovisual precisa ser interativo e sem dúvida teremos muitas séries, novelas e filmes de sucesso mesmo nesse novo contexto. Todas essas diferentes ferramentas devem ser adotadas apenas se realmente fizerem sentido para que a história seja contada com todo o seu potencial. Devemos evitar adotar as ferramentas simplesmente porque todo mundo está falando delas, porque a chance de dispersar os seus esforços e perder atenção nesse caminho é muito grande.



Falando ainda sobre formatos mais tradicionais, como novelas e séries, o quão importante é o conteúdo em vídeo expandido desses projetos para outras plataformas?


É uma questão de aumentar o seu alcance e poder de distribuição. Expandir o seu conteúdo em vídeo de forma que ele trafegue com desenvoltura nesse contexto multi plataformas significa fazer com que mais pessoas tenham acesso a ele e possam se tornar consumidores dos mesmos.



Se você fosse uma marca grande de consumo de massa e estivesse planejando seu budget do ano que vem, o quão importante seria o investimento em novos formatos de vídeo? 


As marcas precisam se conectar de forma relevante com os consumidores nos lugares em que eles estão dedicando o seu tempo e "assistir vídeos na web" é com certeza um dos principais comportamentos dessa nova geração. Portanto, planejar a presença da marca nesse contexto de vídeos multi plataformas é central. Porém, mais importante do que definir o quanto vai ser gasto ali, é definir como será feito esse investimento. O foco tem que estar na relevância.



Curadoria. O que pode falar sobre essa palavra nos dias de hoje? 


Acredito firmemente que curadoria será a maior demanda dentro desse novo contexto do audiovisual. Existe tanto conteúdo espalhado em tantas plataformas que encontrar os melhores está se tornando um desafio real no mundo todo. Por isso criamos o Winnin. 
O Winnin nasceu com a missão de ajudar às pessoas a encontrar os melhores vídeos da web de um jeito novo e divertido. Fazemos isso através de "batalhas de vídeos". Lá os melhores vídeos do Youtube, Facebook, Vine, Instagram, Vimeo, entre outros, disputam pela liderança em temas como "Melhores Vídeos para o Fim de um Namoro" ou "Dribles Mais Humilhantes da História do Futebol". Toda a curadoria é feita pelos usuários. Em 16 meses de vida já passamos a barreira dos 13 milhões de usuários ativos que assistiram mais de 70 milhões de vídeos na plataforma... E estamos só começando.

 


Fabio Seixas é sócio do O Panda Criativo, organizador do Festival Path, CreativeMornings, co-fundador do Coletivo Missa, diretor de filmes e agitador cultural. Adiciona aí: @fabioseixas

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