Franqueada de Belo Jardim (PE) relata a crise que viveu com o Grupo Boticário

Publicado por: Editor Feed News
10/03/2017 14:13:06
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Empresária conta sua história e o porquê suas lojas quebraram diante de sua grande clientela

 

Mais uma história de desrespeito envolvendo as atitudes do Grupo Boticário. A ex-franqueada da cidade de Belo Jardim, Pernambuco, Hortênsia Maria Alves de Lucena, possuiu seis lojas da marca por 23 anos, e devido as novas diretrizes da empresa seu negócio faliu deixando-a com muitos prejuízos financeiros.

 

De acordo com Hortênsia, o declínio de suas lojas começou com a implantação do sistema de vendas direta. “Pernambuco foi o primeiro estado a começar com esse sistema, foi imposto e não tivemos como não entrar nele, isso começou em 2011. Minhas lojas faturavam muito bem, mas esse novo modelo só trouxe prejuízo”, explica.

 

A empresária conta que no ano seguinte da implantação do sistema de vendas direta, já começou a sentir um sufocamento de suas contas, pois não estava dando conta de tanto prejuízo, mesmo tendo lojas muito rentáveis. “Comecei a trabalhar com O Boticário em 1991, tive seis lojas e uma Central de Distribuição. Minhas lojas tinham uma ótima performance financeira, somente em 2010 cheguei a crescer 50%, mas esse sistema só engoliu nossos lucros. É impossível crescer com um ralo sugando a empresa”, diz.

 

Hortênsia conta que outra diretriz que ajudou a causar grandes prejuízos foi o fato de os franqueados serem obrigados a adquirir mercadorias mesmo as tendo em estoque. “Mesmo que eu tivesse um determinado hidratante em estoque, por exemplo, tinha que adquirir a mesma mercadoria porque o franqueado me obrigava a comprar determinadas quantidades no mês que foram ficando cada vez maiores. Isso quebra qualquer empresário”, afirma.

 

Com o passar dos anos as lojas foram apresentando muitos prejuízos e em julho de 2014 Hortênsia as fechou. “O gerente regional começou a me fazer muitas exigências que eu não conseguia cumprir e me disse que se eu não seguisse todas as normas não servia mais para trabalhar para O Boticário. Diante disso, falei com meu advogado e comecei a me desligar da franquia, pois estávamos sendo comparados a mercadorias”, desabafa.

 

A empresária fechou suas lojas em julho de 2014 e entrou na justiça pedindo ressarcimento de seus prejuízos já que possuía lojas rentáveis e que foram repassadas a valores abaixo do mercado. “Me senti muito mal, antes do Artur Grynbaum (atual presidente do Grupo Boticário) os franqueados eram tratados como uma família, depois que ele entrou passamos a ser apenas números, nada mais do que isso”, conta.

 

Para a empresária O Boticário quer ser algo que não pode. “Ele quer ser como a Natura, mas sabe que não tem condições para isso, e acabou achatando seus franqueados, por isso, que muitas lojas no País estão sucumbindo a essa crise que Artur criou dentro do sistema”, avalia.

 

“Trabalhei 24 anos em prol de uma causa que acreditava, mas que foi quebrada por um empresário sem visão de negócio. Somente nas minhas lojas foram 32 pessoas que perderam seus empregos. É muito triste ver essa situação, ainda mais num setor que não tem apresentado problemas de consumo, que é o da beleza. Espero que Artur possa enxergar que ele mesmo está quebrando um negócio tão bonito que é o Grupo Boticário”, finaliza.

 

 

Entenda o caso:

Após a mudança da diretoria do Grupo Boticário, que foi assumida por Artur Grynbaum em 2008, muitas diretrizes foram mudadas. Uma delas foi a implantação do sistema de vendas direta, que devido ao formato, tem gerado muitos prejuízos aos franqueados.

 

Esse novo sistema acabou por achatar as franquias a nível nacional, já que as revendedoras passaram a comprar os produtos dos franqueados com, pelo menos, 15% de desconto. No entanto, o franqueado não tinha esse desconto na compra da indústria.

 

Além disso, os franqueados foram “convidados” (imposto) a implantar Centrais de Distribuição de Venda Direta, custos com os quais tiveram que arcar. Outra determinação do Grupo foi a compra de quantidades muito elevadas de mercadorias pelos franqueados, que passaram a ter dificuldades para escoar seus estoques, ficando com muita mercadoria parada.

 

Esse novo modelo de gestão tem gerado uma grande crise no sistema do O Boticário e causando a quebra de muitas empresas em todo o Brasil. Em São Paulo, a franqueada Izabel Litieri está passando pelas mesmas dificuldades relatadas por franqueados de Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro e Paraíba.

 

A história que esses empresários contam é a mesma: dificuldades financeiras causadas por erros de gestão. A empresária de São Paulo afirma que após a chegada desse sistema suas lojas passaram a ter dificuldades incalculáveis e que o Grupo Boticário passou a impor diversos obstáculos para os franqueados no tocante a pagamento das mercadorias.

 

Outro caso semelhante foi com o franqueado na cidade de Resende, na região do Vale do Paraíba Fluminense (RJ), que após questionar algumas diretrizes comerciais da empresa recebeu uma notificação do grupo que lhe dava 30 dias para encerrar as atividades das franquias. O empresário entrou na justiça e a 1 ª Vara Cível de Resende concedeu a liminar em favor do franqueado informando que o grupo tinha o dever de cooperar com o empresário.

 

Em Pernambuco, o franqueado da região de Serra Talhada, também cedeu suas lojas ao Boticário. O empresário João Duque de Souza, possuía diversas unidades no interior do Estado.

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